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Nossos trinta dias sobre o sol - parte 4

Há alguns dias atrás, um rapaz me perguntou se a lo-fi dreams havia acabado. Respondi rapidamente que sim e que estava cansado de alteregos – vários deles durante 4, 5 anos – Gim ruffos, Lo-fi dreams, menino errado. Fora coisas que gravei sozinho e creditei à outras pessoas (móbiles) e com cantoras alteregos (Verde velma, Lades). Os discos da lo-fi dreams foram lançados mais ou menos no período em que a tramavirtual abria a porta dos downloads gratuitos (2004) e naquela época antes do youtube e myspace darem as caras, muita gente passava a noite baixando discos virtuais. Cada uma das 17 canções dos dois trabalhos da lo-fi tem centenas de downloads e streams (“pratos quebrados” da móbiles teve bizarros 4000 downloads no intervalo de um mês em 2006) e até outro dia eu usava esse profile para timidamente jogar canções novas já como “Giancarlo Rufatto”. Conversando com o cantor Thiago Pethit – que conheceu meu trabalho via myspace – achei engraçado que ele conhecesse a “lo-fi dreams” mas não soubesse que era um projeto meu.

A historia do alterego felizmente terminou antes da Mallu Magalhães aparecer ou o Folk virar moda. São aquelas historias que você lê por ai, coisas como “se não tivesse dobrado a esquina, não teriam conhecido o amor da minha vida” ou “um minuto atrás uma pessoa morreu atropelada bem aqui.”. E a minha é: “se não tivesse de pagar o aluguel, não teria vendido a guitarra e comprado um violão usado com o que sobrou de troco”.

No começo de 2007 estava tão desiludido da música que eu fazia e ouvia. Também não tinha dinheiro (ok, eu nunca tenho dinheiro) e nem o amor andava bem das pernas. Consegui vender minha guitarra por milagrosos 1000 reais - um negócio da china pelo estado que a guitarra estava. Com o dinheiro paguei o aluguel, outras contas e comprei um violão usado e foi ai que a lo-fi dreams acabou.

Com alguns reais, eu mesmo troquei a capitação do violão e talvez por isso o jack tenha ficado problemático ao longo do tempo, mas é o tipo de herança que os 4 anos no Cefet me deixaram – estanho, alicates e ferro de solda. Depois da coisa toda, fiz uma ou duas apresentações e fiquei um tempo na casa dos meus pais em Coronel Vivida. escrevi umas 30 canções – 10 delas gravadas no intervalo de uma semana após voltar a Curitiba.

Coronel Vivida é uma grande válvula de escape em forma de cidade, é como um grande sitio que algumas pessoas costumam ir pra se isolar. Não saio de casa, não vejo ninguém, não falo com quase ninguém alem dos meus pais e alguns poucos amigos – e definitivamente não sobraram muitos. Talvez por isso em 2008 tenha gravado tantas coisas. Toda vez que voltava de Curitiba, voltava querendo cuspir um novo par de canções, era como se eu precisasse olhar as coisas do lado de fora, pelo prisma de quem não foi convidado a entrar na festa – a vida cantada pelos olhos da frustração, do coito interrompido. Enfim, eu simplesmente preciso. Exemplo: Há uma canção em “14 canções” - “desencantos, desencontros, etc” que foi ultima que entrou no álbum (que já estava pronto) que levou tres anos para ser terminada. Foi preciso esperar que a garota que gerou as primeiras frases da canção terminasse o longínquo namoro que nunca virava casamento para que eu conseguisse escrever as frases que faltavam e grava-la em três dias – período entre escrever o resto da letra e definir arranjo de uma canção. E essa canção esta ali pra me lembrar de uma época em que guitarras eram legais e minha Flying-V era tudo o que eu queria ter.


se quiser se perder, ligue os pontos à:

Nossos trinta dias sobre o sol - parte 1

nossos trinta dias sobre o sol - parte 2

nossos trinta dias sobre o sol - parte 3