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Não precisamos de muito – disse o menino à menina. Ela deu de ombros e tragou o cigarro. Os olhos abriam, fechavam e a noite se guardava em silêncio. Ele não é, ele não era ninguém e ela ainda estava ali. Continuava bonita e ao contrario de todo mundo, ela não havia ido embora. Então, não era raro que ele deixasse a porta aberta para incentivá-la a caminhar até o corredor e do corredor até o saguão e do saguão até ao portão e do portão até o ponto de ônibus, enfim. Ela nunca foi embora e suas coisas não tomavam espaço. Apenas dois estranhos, duas xícaras e um monte daquelas palavras que mal saem da boca, não se desfere nem se deseja. Mas era só o que ele tinha e ela, talvez, porque nunca soube, nunca teve coragem de perguntar. Não importava, ele aceitaria dormir no chão se ela assim quisesse e feliz, feliz cantaria ooh la la e deixaria que a vida fizesse o resto. Também não eram tão jovens ou tão fortes e nem ao menos sabiam mais do que há seis, sete, dez anos atrás. Dois estranhos que se encontram, se beijam e aceitam as limitações dos ombros como se fosse apenas um café marcado pra depois das seis que se estendeu por uma vida inteira.

“I wish that I knew what I know now When I was younger
I wish that I knew what I know now When I was stronger”.

Ooh la la.