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Josh Rouse, SESC Vila Mariana, SP, 15/08


fotos por Igor Simas.

Josh Rouse é o tipo de cara simpático, que você costuma encontrar em bares por aí. Aquele tipo que está lá no canto com a turma, bebendo uma cerveja, sorrindo e deixando os amigos desabafarem. Enfim, um cara que você coloca os olhos e sabe que é legal. Em um parâmetro de comparação que vai do falastrão – Ryan Adams – ao tímido que fala olhando para os pés - Ron Sexsmith -, Josh ficaria quase no meio, pendendo um pouco para o lado de Ron. Olhando-o no palco, treinando alguns passos em "Love Vibration", é dificil não pensar que esse homem está se divertindo tanto quanto nós.

Aquele rapaz ali no palco passou a última década lançando pelo menos um disco por ano. E nessa conta de mais de uma dúzia de trabalhos, deve ser dificil chegar as dezoito canções apresentadas no palco do SESC Vila Mariana (SP), repertório formado basicamente de seus quatro últimos discos "Nashville", "1972", "Subtitulo", "Country Mouse, City House" – nenhum destes editados no Brasil.

E os primeiros quinze minutos de show serviram para deixar claro de que não se tratava exatamente de um show de folk, como estava sendo divulgado pela imprensa brasileira, e sim de um show de música pop sem restrições. Da sequência inicial de "Her Majesty Rides", "It Looks Like Love", "Summertime" - esta última sua assumida tentativa de flertar com a bossa nova e com direito a uma atrapalhada na letra - até "Pilgrim", foi mais ou menos assim: Josh tocava, a platéia fanática gritava e logo ficava o silêncio e aquela apreensão de "meu Deus, qual será a próxima?".

Quando o público finalmente soltou o fôlego, já estávamos na bela "Quiet Town" e na metade do show. Canções "antigas" surgiram, "Come Back" e "Love Vibration" ambas do disco soul "1972" apresentadas em uma versão capaz de fazer rebolar o senhor e senhora da poltrona de trás. Mas, as pessoas ainda estavam sentadas, movendo os pés para lá e para cá, até que um a um foram levantando e chamando o vizinho de assento para a dança. E seguiu nesse ritmo até a campeã de gritinhos "It`s the Nighttime" que encerrou o show arrastando fãs para a frente do palco.

O bis veio com "Slaveship" e "Sad Eyes", recebida num silencio religioso para depois ser cantada em formato "coral de igreja" pela platéia. Na última, "Directions", de "Home" – único disco de Josh Rouse editado neste país no ano 2000 –, que entrou de surpresa no lugar de "1972" e foi cantada aos berros, alguns mais altos que a voz do cantor que, meio sem jeito, parecia não entender o que estava acontecendo.

Para alguns dos presentes não se tratava apenas de um show, era o encontro com uma paixão platônica que já durava oito anos. E o amor dá o direito de as pessoas agirem como fanáticos, como se todo mundo ali fosse uma espécie de desabrigado faminto de boa música. Por isso é que era compreensivo ver alguns bem arrumados acotovelando-se pelo melhor lugar ao redor do palco no bis e atacando sem culpa a barraquinha de discos - e o cantor na sessão de autógrafos. Como se Josh Rouse fosse a ONU e seus fãs praticamente a África.





*resenha publicada no MondoBacana e no portal Rock Press.