Desde que comecei a compor e produzir arranjos para um ep (uma espécie de mini-disco) em parceria com Ivan (Santos, integrante do OAEOZ), tenho pensando em ter uma banda capaz de reproduzir na integra as canções. Seria interessante quando o disquinho sair que rolasse apresentações, algo meio pedante, meio teatral. Ninguém sabe ainda, mas sem querer algumas das canções foram secando, criando uma atmosfera cortante, tão cortante que andamos falando em “Paris, Texas” como referencia incidental, apenas aconteceu. Os teclados do Ivan e os meus slides, nossas vozes arrastadas e toda essa poesia de fim de noite e bar vazio lembram o filme. E ainda há os títulos das canções: “deserto”, “vazio”, só faltava gravar uma chamada “ausência”.
Isso é néon, é o coração escuro, é o chão marcado de cigarros, são as luzes Las Vegas ou sei lá, qualquer lugar onde nunca estive bem perto daqui. Sou eu, é você e suas roupas aqui, ali. Quando ouço minha voz, penso que é mais sobre mim do que sobre a garota na minha cama que a esta altura pode ser qualquer uma que amei. Bem, nada em mim anda muito sincero, apenas o suficiente para arrancar calçinhas e molhar o colchão.