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Heartbreaker – Ryan Adams.

Texto inspirado nos acontecimentos da vida de ryan adams, do fim whiskeytown até o lançamento de heartbreaker no ano de 2000. todas as informações estão nos encartes dos discos.

1.

Odiava começar uma canção pelo titulo, mas sempre lhe avisavam que um titulo é um terço da canção. Veja por exemplo “babe, its you” ou “sweet Virginia” mesmo que não fosse o bordão, você saberia ali na contra-capa que essas você deveria ouvir com atenção. Era assim que ele olhava para as mulheres, procurando aquela que passaria discreta entre as hits do bar, da faculdade, da rua. E Amy era assim. Pelo menos nos três minutos e quarenta e seis segundos de nostalgia que tinha toda vez que ouvia a canção que compôs para ela. Amy era o tipo de garota que faria um garoto se esforçar para virar um bom homem e realmente no tempo que passaram juntos ele quis ser um homem melhor, quis. Agora ela estava por ai dormindo com outros caras, outros caras que não eram como ele e ele nunca seria como esses outros caras. Pensava nisso todo o tempo, desde que voltara sair com cantoras, varias, Beths, Carolinas, Maries, Graces, Winonnas, todas elas tinham seus méritos e estavam ali nos agradecimentos, mas Amy, Amy se não tivesse lhe deixado, estaria numa canção, na faixa quatro ou cinco.

Amy fora sua segunda paixão, a primeira era Viva Hate, primeiro disco de morrissey, já que bona drag era um disco de singles. Viva Hate era o disco em que Moz canta que todo dia era como domingo e definitivamente seus dias não poderiam ser melhores que manhãs solitárias de domingo, nunca acontecia nada nos sábados que pudesse melhorar sua vida e bem, se tivesse ouvido Moz, teria aderido ao celibato e muitos dos problemas haveriam simplesmente desaparecido. Ela, Amy havia ido embora há pouco mais de três meses, com seus amigos, seus discos e suas esperanças. Como todo homem idiota que faz canções neste mundo ele também cavou sua própria merda e agora estava por ai, de bar em bar, cinco ou seis notas amassadas no bolso e se perguntando “amor, porque você me deixou?”. É pieguice pensar que toda música pop fora feita sobre os alicerces de pessoas assim, pessoas que são trocadas por outras, pessoas e seus corações partidos por toda essa terra devastada, mas é parte de uma verdade maior, a de que a maioria das pessoas age como crianças mimadas quando são chutadas.

Acontece que de tempos em tempos a música fornecia respostas à altura do que os homens precisavam nesta hora. Johnson, Presley, Springsteen, Petty, Buckley, cada geração tinha o bardo que merecia e no seu coração, talvez fosse realmente a vez de ele dizer como o jovem “moderno” se sentia após tanta merda. Sua banda havia acabado há pouco mais de um ano sem nenhum sucesso, os egos haviam detonado tudo e como sempre acontece no tal rock’n roll o vocalista se lançaria com um disco solo. Primeiro a banda, depois Amy, seguido dos amigos, o mundo estava partindo e ele nada poderia fazer a não ser cantar sobre isso. Pelo menos assim já teria o titulo do disco “solo”, como um sucesso de elvis, como a banda que acompanhava Petty, “coração partido” seria sua resposta a todos esses rompimentos, toda essa falta.



(continua, eu acho)