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Tributo ao Raça Negra - um tributo à nossa infância


Bem, chegamos ao dia mais aguardado desde a volta de Jesus, o lançamento do tributo de bandas que pagam suas próprias contas ao Raça Negra. Pelo que lembro da historia do tributo, o Jota Dablio chegou com a ideia logo após o lançamento de outro tributo que participamos – uma homenagem ao Yankeehotel Foxtrot, do Wilco, mas acho que os grandes desbravadores do assunto foi Túlio Bragança – a.k.a Túlio Pb e a Letuce.
Foi túlio com seu Pagode Versions e Letuce com o EP couves que começaram esse revival do pagode. Túlio fez muito sucesso na internet com suas versões de Pagode cantado em inglês, o auge foi ter participado de um “Esquenta” – aquele da Regina Case. Quase ao mesmo tempo o casal do Letuce lançava “Couves” – um epezinho com meia dúzia de covers e entre eles “poderosa”, da banda Brasil (que todo mundo regravou) e “que se chama amor” – aquela do “como é que uma coisa assim machuca tanto”, sabem? E foi túlio que mostrou a versão de “poderosa” durante um podcast que mantivemos por uns poucos meses. Pra mim esta versão foi a melhor canção de 2010 e deveria entrar no tributo como um bônus.


Toda vez que preciso falar sobre minha participação no tributo digo que deveríamos fazer um tributo ao domingão do Faustão com musicas das bandas que tocavam enquanto a Tv era tudo o que tínhamos para passar o domingo. Pense só: anos 90, você mora em uma cidadezinha de interior, destas que uma mesma secretaria atende por “esporte, lazer e cultura”, a Tv e o rádio eram o único caminho, a única via de informação. E o Raça Negra era apenas um dos vários grupos que estavam ali quando ligávamos a televisão num domingo a tarde. Se era bom ou ruim pouco importa, o que tem de se reconhecer o mérito de um grupo que perdura com sucesso por 10, 15, 20 anos - apesar de tudo. É totalmente normal sumir com algumas coisas da memória, conheço muita gente que escondeu brinquedos no armário, os discos da xuxa ou aquela vez em que foi a um show do Jota Quest por causa de uma menina, são pequenas coisas que não pegam bem quando se anda em grupo. Sempre bato na tecla de que você precisa negar as coisas que formam seu caráter para se afirmar em algum lugar da vida. Faz parte, é preciso dar um tempo, meu amigo – até que seja a hora certa de voltar.

Da minha parte tenho certa obsessão com as figuras da minha infância e tento projetar pra frente as coisas que me trouxeram até aqui, torna-las minhas de alguma maneira. Participar do tributo ao Raça Negra é apenas um dos momentos dedicados a colorir a infância e torna-la mais bonita e importante do que realmente foi. Crescer tem dessas coisas, destes desprendimentos que só são possíveis quando a vida já lhe deu sustância e alguma gordura ao redor dos ossos para não se levar a sério o tempo todo.