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Curitiba faz 319 anos hoje, 29 de março.
A visão sobre esta cidade me assombra desde que tinha 4, 5 anos, desde que minha mãe veio para cá estudar, desde que me apaixonei por uma piscina de bolinhas no shopping muller.
Para as pessoas do interior do estado, Curitiba não era a cidade modelo que o resto do Brasil e do mundo costumam ver. Curitiba era onde as coisas aconteciam, era pra onde as pessoas iam quando queriam fugir da rotina, fugir de casa, trocar de sexo ou simplesmente virar lenda local. Curitiba tinha lendas proprias inventadas pelo povo do interior, não sobre seus moradores, mas sim sobre o que teria acontecido as pessoas que saiam de cidades como a minha, coronel vivida. Os homens enriqueciam ou viravam travestis, as mulheres se prostituíam ou casavam com milionários, não havia meio termo. Tinha os poetas, o Leminski, o Dalton – que cresci achando que era realmente vampiro, a novela felicidade, o túnel do rock, o caderno FUN, a gazeta, a rodoviária e a assustadora Varca - loja de roupas “tamanhos especiais”.
Curitiba da piscina de bolinhas do Muller e do primeiro cachorro quente – (odiei e comi sem salsichas afinal, elas eram feitas de cachorro).
Todas essas lendas deslumbrantes fazia com que crianças e adolescentes, como eu, imaginassem que Curitiba era a Paris dos paranaense, um lugar onde você precisa ir para existir, precisa ir para se encontrar (para o bem ou para o mal). Diziam que os curitibanos eram antipaticos e viam a cidade como londres, mas para mim, ela nunca foi londres e seus moradores nunca foram antipaticos.
Quando criança, costumava acreditar que o Paraguai ficava há poucas quadras de casa e que a Disneylândia ficava em Clevelandia, cidade que só passávamos a caminho da praia. Curitiba ficava ali, em algum lugar entre Coronel Vivida, são francisco do sul e a disneylândia. Meu avô dizia que Curitiba ficava depois do Carrefour, subindo o bananal de Joinvile. Hoje eu sei que Joinvile é praticamente um bairro afastado de Curitiba, ali depois do Uberaba e Coronel é mais ou menos como o bairro agua verde. Mas há 20 anos, era apenas uma criança presa por horas e horas dentro de um delrey, de um monza ou de um onibus. Curitiba decretava o fim do verão, aquela cidade que só era visitada após a temporada de praia e depois de dela, viriam longos meses de escola.

Curitiba sempre será minha Paris, um lugar onde eu sempre quis estar, um lugar que só existe na cabeça dos românticos, na mente daqueles visitam a infância e a memória afetiva constantemente.

07 Curitiba, se você sorrir, lhe darei um doce by Giancarlorufatto