Twenty
Vi o filme que comemora 20 anos da carreira do Pearl Jam e sai do cinema com a impressão de ter visto um filme das festas na casa dos meus avós, lá nos anos 90. Minha mãe cultivou o habito de ver filmes destas festas para lembrar do meu avô - morto em 1998. No filme somos todos crianças ingênuas para com o futuro, ingênuas, envergonhadas, felizes, emburradas (meu caso), mas vivos. Assistir um momento de felicidade simples e plena, desligar o video-cassete e pensar no que deu errado, o que deu certo, somar os pontos das nossas vidas que nos trouxe até aqui, 2011.
Twenty é basicamente uma compilação destes filmes de família, feitos através da câmera de um parente (no caso o cineasta Cameron Crowe) da família e que se confunde com a cena de artistas de Seattle, com o grunge e tal e parece não querer se esconder desta idéia principal. O espírito de quem assiste é o mesmo da minha mãe vendo meu avô vivo, uma juventude que foi embora, mas ficou registrada nas polaroides, nos VHS e nos cabelos e nos quilos a mais ou a menos (vide o efeito sanfona de Mike Mccready). Assim como tudo na vida o filme do pearl jam começa bom e fica ruim e chato a medida que a diversão se torna obrigação e a arte um trabalho. Uma geração inteira percebendo junto com a banda que a vida não fica mais fácil se escondendo dos problemas ou arranjando briga com o mundo - coisas que o pearl jam fez entre 1994 e 2000.
E assim como a morte do meu avô fez minha mãe deixar de fumar e minha família tormar rumos estranhos nos anos 2000, um incidente que matou varias pessoas num show da banda no festival Roskilde (começo dos anos 2000) fez a banda deixar a ranhetisse de lado para se concentrar no que realmente importava: a vida, a amizade e música.
Enfim, Twenty serve como um álbum de fotografias para os fãs, prova que o tempo passa para todos, para os que erraram e para os que acertaram e até para os que morreram, mas romancear o passado faz parte da vida dos que continuaram vivos.