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Semana passada a casa de uma colega pegou fogo. Ela morava com os pais e sua filha de 5 anos em uma casa de madeira, não sobrou nada. Pensei nela e no ocorrido o fim de semana inteiro. Como se começa a vida novamente? Estamos fazendo vaquinhas, rifas, procurando coisas para doar, roupas, etc. mas nada disso traz de volta a vida como ela era. Hoje a encontrei e ela sorriu, como você consegue? Aquele clichê “ainda estamos vivos, bla bla bla” é muito bonito na tela da TV, mas e depois que a reportagem vai embora e voce continua ali sem nada, como é? Aceito muito bem a morte, mas não o roubo, o acidente que deixa seqüelas, a casa que pega fogo e não deixa uma foto em bom estado. Não sei se sou materialista demais pra ficar me importando com as coisas que se perderam, mas o fato é que nunca me ensinaram a lidar com as perdas alheias ao meu próprio esforço. Quando tudo tem a ver com você parece que fica mais fácil, ex: você foi reprovado, o seu namoro acabou, você foi despedido, você e você. Ai é só lavar o rosto e acordar no dia seguinte. A única pessoa próxima de verdade que eu perdi foi meu avô há 12 anos atrás e não foi doloroso, só foi um baque. Um senhor bem de saúde e de vida que morre na estrada não é um enfermo que passa meia vida em uma cama se arrastando por ai. Minha família simplesmente acabou com a morte do meu avô. Mas a minha, a família da minha mãe e do meu pai começou ali. Começou de novo, na realidade, cada núcleo familiar se separou e criou uma unidade que só se encontra no aniversario da minha vó tentando emular o que eram as festas com meu avô. Ainda vejo minha mãe chorando pela falta do meu avô, mas no fundo ela chora a perda do seu lugar seguro. Eu vejo que a minha vida em Curitiba é meio como resultado disso. Éramos unidos e de repente foi cada um para o seu lado. Penso que é mais fácil começar do zero, começar algo novo do que consertar coisas erradas, mas e as raízes, como ficam? Outro dia mesmo a arvore centenária que fazia sombra para o meu horário do sorvete caiu e ninguém sentiu sua falta, fiquei triste, mas a vida segue mesmo sem a arvore do sorvete ou grandes romances.