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Hoje, enquanto encarava a fila do banco para pagar o condomínio, um menino a frente insistia em reanimar pilhas num Mp3. Reiniciava o aparelho, as pilhas duravam 30 segundos e morriam. Repetiu o processo varias vezes, dava até orgulho de ver. Se você olhasse para os rostos das pessoas na fila, saberia que as pilhas não eram as únicas que haviam desistido de alguma coisa hoje. Todo mundo ali dividindo a fila da comunhão dos pagamentos e no meio de nós um menino lutando para consertar o inconsertável. Alguém deveria ter chego, se abaixado e dito ao garoto para deixar as pilhas descansarem em paz, deixa-las seguirem seu curso. Para que serve todo esse incomodo de tentar consertar uma coisinha que estava errada ou não estava boa o suficiente? A palavra “suficiente” é o equivalente a nota 5 da escola publica – não é bom, é o que você precisa para não repetir de ano, não te salva de uma vida medíocre, cheia de “médios” em todas as instancias. E vai ficando mais difícil a cada dia que passa, se aceitam a nota 5, aceitam o nosso médio, porque não nos ensinam a desistir e aceitar a vida e as coisas erradas lá na infância?
Você é adulto, mas age como um menino insistindo em brincar com um ferrorama com pilhas descarregadas. Pilhas, pilhas, alguém deveria ter dito a você que alguns pares de pilhas é tudo com o que você terá para viver por 20, 30 anos e depois irá depender de trocar pilhas com outras pessoas para que seu trenzinho continue andando. E se, mesmo com as pilhas cheias, seu trenzinho sofre e mal consegue carregar um vagão de passageiros, um de lenha e outro com combustível, talvez você deva se perguntar se não está forçando a barra de continuar no ramo, talvez seja hora de se aposentar. Esses vagões são o padrão mínimo que vem nos ferroramas da vida, o mínimo que precisamos para rodar e sobreviver aos dias. Eu lembro da inveja que tive inveja do trem elétrico que meu primo ganhou certa vez, vinha com vários vagões, subia montanhas, passava por pontes e túneis. Logo ele parou de brincar com trenzinho e foi jogar videogame e eu continuei lá, arrastando minha maria fumaça pela sala da casa e rezando para não descarrilar.