Todo mês, escrevo uma carta de despedida para a canção, todo mês tento me livrar de tudo e começar vida nova longe dos acordes.
“Não gosto mais de você, música pop, não me leve a mal, o problema é comigo - não com você. Não posso nem dizer que você me faz mal - mesmo que você, as vezes, consiga ser pior do que a cerveja vendida no Otorto. Sim, eu sei que é dificil abandonar velhos vicios e comodidades, mas a vida precisa de outras coisas.”
A música pop não me serve mais de álibi, eu quero outra coisa, mas é tão difícil saber o que, não gosto de me sentir arrependido. É a fina arte de jogar a toalha, todo mundo deveria ter o seu momento e não entendo porque é tão dificil, Rocky perdeu um bom amigo assim. Eu não sou mais novo, não posso mais usar a juventude como argumento pra fazer merda, chutar baldes por ai e achar que ser “marrento” é o certo, não é. Não, eu não. Essa música que eu tento fazer não me rende um dia feliz há muito tempo, eu apenas engulo e espero que desistam por mim. Pior, tem gente por ai que não tem noção do que é ter de ser você mesmo o tempo todo, adoraria ser plagio de alguém, como dizem por ai, funny, bem mais fácil do que aceitar esse monte de quases e de sensações na trave. Eu sou amador, mesmo, eu não sei afinar um violão direito, não sei tocar mais que quatro acordes por canção. Não consigo progredir como musico e senso de humor nenhum no mundo me fará melhor. Estou sempre rindo dos defeitos e fingindo que agüento, mas no fundo, eu estou apenas tendo respeito por coisas que já morreram, então, me deixe ser viúvo, esse é o meu velório.