Há algum tempo, coloquei na cabeça que bandas não eram pra mim, bandas são o tipo de coisa que parte corações e faz você perder amigos, faça amigos e não bandas, bla bla bla. Então, com isso na cabeça eu recusava todos os convites que me fizeram pra tocar por ai – mesmo eu sendo ruim de dar dó e só saber quatro notas no violão.
Quando conheci Ivan (santos), fui logo perguntando sobre o Rock de Inverno, a edição de 2003 me apresentou a cidade quando eu ainda morava em Coronel Vivida. Então entre conhecer o cara, virar amigo e tocar com ele, surgiu a conversa de me apresentar na edição 2009 do festival. Mas para isso eu precisaria ter uma banda e eu confesso que fiquei temendo por isso. Todas as experiências com bandas foram de terríveis a simplesmente ruim e aquele papo que começam as matérias que saíram em jornais sobre mim sobre ser expulso de bandas, digo que também me expulsaria.
Voltando, a Hotel surgiu pouco antes do EP que gravei com Ivan, tínhamos uma ideia ingênua de criar um núcleo de integrantes e chamar outros para contribuir com as canções. Acidentalmente, essa proposta foi acontecendo por forças maiores do destino e em pouco mais de seis meses oscilamos apresentações com 2 baterista (Edu e Allan) e 2 baixistas (Rubens e Igor Ribeiro) . Calhou das canções ficarem muito diferentes entre si por conta do estilo de cada um.
Esta apresentação do Rock de Inverno 7 gravada com Allan (Yokohama) e Rubens K foi uma 4ª equalização da cozinha da banda e como sempre com dois ou três ensaios no máximo. Não sou adepto do ensaio a exaustão e se uma canção não rola em dois ensaios, é porque não rola mesmo e ponto final, no nosso caso os poucos ensaios acabam privilegiando as canções em sua simplicidade. Zelo foi uma destas canções que saíram pronta em um ensaio e só passou a existir por conta de que Edu (Patrício) não tocaria com a gente em alguns shows e ele era responsável por tocar teclados em algumas canções que não poderíamos tocar com Allan. Então Zelo surgiu no repertorio por insistência do Allan que adorou a levada da música – segundo ele “sexy”.
Outro caso destas mudanças são as guitarras do Carlão (Zubek), se você ouve as guitarras da banda dele – o Folhetim Urbano – tem pouco ou nada a ver com o que ele faz para as canções da Hotel. E te digo que não é fácil encontrar pessoas que consigam se adaptar a um estilo em beneficio da canção e aceitar tocar teclados. É ele que faz o “honk-tonk” no pianinho em Só o amor pode partir seus joelhos – minha favorita da apresentação. Conseguir tocar com pessoas que tenham essa sensibilidade de entender o que uma canção precisa é raro e mais raro é encontra uma banda inteira (sete integrantes ao todo) que aceitem essas mudanças.