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11 de outubro de 2007.

Nunca publiquei este texto aqui, mas acho chegou a sair no Bacana no fim de 2007.


* 11 de outubro de 2007, show de dez anos da banda OAEOZ e lançamento do single “canção para OAEOZ”.

O som estava poderoso. A banda soava como uma mistura de Mercury Rev com Mars Volta e a vanguarda paulistana do começo da década de 80 e, como fã da “ultima fase” da banda, digo que OAEOZ é outra coisa no palco, é outra historia. É ali que eles se matam e você sente cada nota com as expressões dos músculos do rosto dos integrantes. Ivan Santos, Carlão Zuber, Rodrigo Montanari e Hamilton de Lócco, os titulares mais Igor Ribeiro, ex-integrante, de volta para o show relembraram os últimos dez anos de suas vidas musicais.

Às vezes três guitarras apitavam distorções e cada canto daquele porão ganhava uma sensação diferente, do noise ensurdecedor ao doce lirismo pop dependendo de qual guitarra estivesse mais perto de você. Então surgia o trompete executado por Igor e te levava para o sofá em algum pub escuro, aqueles com chão de tabuas da década de trinta. E quando você já estava confortável, a trinca guitarra, baixo e bateria (respectivamente Carlão, Rodrigo e Hamilton) te arrancava do “macio”, te fazia o favor de lembrar que aquele show era uma celebração “anos 90” a base de melodias pop cheias de guitarras apitando. E ainda tinha a poesia/dor/lirismo/esforço de Ivan que nos últimos anos tornou-se o coração da música feita pelo OAEOZ.

A ironia também estava presente, a mesma ironia que persegue todas as bandas do Paraná, pelo menos aquelas que ainda esperam “estourar” algum dia. Ela estava ali no single que a banda lançava, estava em cada canto vazio e escuro e em cada pessoa que cantava as frases das letras as vezes enormes da banda. Talvez quando a banda começou lá na segunda metade dos anos 90, ainda passasse pelas mentes destes a possibilidade da “descoberta”, mas hoje, havia uma aura de libertação/comemoração em cada um dos presentes envolvidos com a banda nos últimos dez anos. Afinal o que todo mundo nesta cidade/estado sabe de cor, bandas paranaenses não estouram, elas implodem, então ter dez anos de historia é algo para se comemorar.

Engraçado como lembrei de uma conversa que tive dias atrás com Ivan, ele me contava como era irônico o fato de que a maioria dos shows memoráveis que assistiu na vida, eram em lugares vazios, para duas ou três dúzias de pessoas. E o show de dez anos do OAEOZ foi um destes e poderia escrever aqui que foi bom que você não foi. Nada mais blasé do que ter uma banda praticamente tocando só para mim. Mas não, eu - dez anos mais novo que ele - ainda não estou acostumado com essas coisas, não entendo porque alguém não iria a um show de uma banda que por influencia ou osmose estava ligada a varias outras bandas da cidade. Ivan, por exemplo, já tocou até na Relespublica - fato que descobri há duas semanas atrás, alem de integrantes do Terminal Guadalupe e ruído/mm já terem sido do OAEOZ.

A canção que abriu o show, “De inverno” era de certa forma responsável pelo aparecimento de algumas das mais promissoras bandas de Curitiba. O Rock De Inverno - festival de musica independente organizado por Ivan e sua mulher Adriane Perin - foi por muito tempo a dentro dos anos zero-zero a única janelinha para bandas daqui serem vistas lá fora (leia aqui as palavras São e Paulo) e, salvo algumas exceções, nenhuma destas “grandes bandas” estava presente. E eu sou bairrista o suficiente pra me sentir incomodado com essas injustiças, tanto que este texto está criticando abertamente o publico de Curitiba. Não adianta nem usar uma frase de mãe para estes casos “um dia você aprende...” não, o roque - assim mesmo com Que - de Curitiba não aprende.