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Adeus e boa sorte, bobby jean.

Estou em Coronel Vivida, a cidade que dorme as dez e acorda as seis, tentando tomar coragem de me mudar pra São Paulo. Hoje, descobri que muitas coisas da minha infância ruíram, estão doentes, morrendo. Enquanto levava remédios à minha vó as coisas que gosto foram mudando ou simplesmente desaparecendo. Duas ou três pessoas, varias paredes, vários bancos de praça, vários lotes baldios, um nome naquela pedra. E são esses poucos lugares que estão sendo preenchidos, derrubados, roubados inconscientemente da minha memória sem que eu possa me despedir da maneira apropriada.

Sabe, eu amava uma garota nesta cidade. A única, o único amor incondicional que tive, e isso tem mais de quinze anos. No começo deste ano resolvi me afastar de uma vez por todas, não havia mais lugar pra mim na sua vida e dessas situações eu entendo muito bem. Foi um sacrifício, ainda é, o plano é o seguinte: me mantenho longe e assim tento conservar na minha memória como a gente era, eu, você, nós, nada fica imune ao serviço da meteorologia. Aposto meus dedos tortos como ela deve pensar que eu mudei, era legal e não sou mais. Mas eu apenas segui a linha que havia desenhado, era obvio que eu me tornaria o que sou: um chato perturbado pela falta de coisas que não fazem falta a ninguém.

Sinto sua falta, meu bem. Sinto da mesma forma que sinto falta da casa que derrubaram ali na esquina. Sinto falta do velho moinho Espanholi perto da casa da minha vó. Sinto saudade de ir a casa da minha vó e ver meu vô me chamando de “jão” usando a camisa xadrez que eu herdei. Sinto falta de passar por ruas que cresci, sinto uma saudade enorme de cada casa, mas não quero caminhar até lá, procurar pela pedra que um dia escrevi seu nome e descobrir que o progresso também arrancou isto de mim.

sinto, mas desculpe, não vou me despedir.

Adeus e boa sorte, bobby jean.