Olá, esse blog foi aposentado e as novidades estão todas em: http://giancarlorufatto.tumblr.com

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Please don’t take my sunshine away – sparklehorse.


Todo dia encontro a mesma garota na rua. É sem querer eu juro, eu simplesmente saio de casa quase sempre dez horas e pronto: ela cruza por mim na esquina de casa. Ela é pequena e bonita, tem cabelos castanhos, pele rosada e uma pinta no rosto. Seguimos na mesma direção por duas quadras e mudamos de caminho. Toda vez sigo atrás dela, não me atrevo a ultrapassá-la, não ouso qualquer contato, não é essa a intenção muito embora tenha quase certeza de que ela sabe quem eu sou, assim como eu sei quem ela é. Não importa, gosto da sensação infantil que tenho todas as manhãs quando a vejo, gosto tanto que já escrevi algumas historias sobre ela sem nunca ter dito “ola, que tal” para ela, afinal, tudo por aqui é mais impressão que expressão ou qualquer outra coisa que se passe por isto.
É assim: Sabe quando você tem treze anos e faz todo dia o mesmo trajeto até a escola, caminho este que você faz por anos, conhece todas as casas, todas as pessoas que passam por você, etc-etc-etc. Mas eis que um belo dia alguém estranho aparece e começa fazer o mesmo trajeto toda manhã e logo você descobre que esse alguém é uma aluna nova na sua classe? Então é mais ou menos a mesma coisa. Na verdade não é porque não existe mais escola, nem se quer faculdade na minha vida, apenas bares e pessoas indo e vindo trabalhar. Quer dizer do meu ponto de vista é uma mistura doida entre essa historia do caminho com aquela historia do menino apaixonado pela balconista, aquela do menino tímido que morre sem se declarar para a garota e todo mundo sabe o resto da historia, bla-bla-bla. Enfim, minha vida, sua vida, etc, tudo meio confuso, mas se resume assim.
Voltando a historia da menina, não sei onde a vi primeiro, se foi na rua, num bar ou em qualquer outro universo, mas estou sempre trombando com ela. É como se, abre aspas: uma força maior estivesse querendo que a gente se encontrasse. Fecha aspas. Ta eu sei, frase brega, é só a minha adolescência que aflora quando vê uma garota bonita na rua e me faz pensar em coisas assim e bem, do alto dos meus vinte e seis anos, não posso agir feito criança e deixar que os outros saibam. Ok, ninguém aqui viu nada e para todos os efeitos daqui um mês, no máximo, estarei morando em outro lugar de modo que das duas, uma: assumo que sou homem feito e consequentemente guardo esta garota na galeria das paixões platônicas de Giancarlo Rufatto e a partir disso ficará existindo apenas aqui nas minhas historias ou volto à sétima série, época em que aumentei meu percurso para escola em quase quinhentos metros para continuar encontrando a menina dos meus sonhos no caminho para a escola. Tudo isso para acabar como em todas as historias tristes envolvendo o menino gordinho aqui, perdendo a garota para alguém próximo a mim, alguém que se fosse hoje, não seria páreo para este cara aqui (sério isso aconteceu, ela acabou namorando um dos meus primos, logo aquele que nunca leu um livro na vida e nunca sequer soube que por alguns dias da minha vida sai dez minutos antes de casa para poder vê-la antes de todo mundo).
Moral da historia “– Giancarlo Rufatto: se você escolher a segunda opção, juro que nunca mais falo com você.” disse a sã consciência.