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Curitiba, o menor dos mundos deste mundo.

Vou contar uma historia do modo mais real possível pois essa é uma historia realista, cuja os personagens nunca se viram mas vivem a menos de cinqüenta metros um do outro, mais ou menos como no clipe de walking after you.
Há pouco tempo atrás, vi uma garota num bar. Bonita demais, os homens se viravam para corteja-la, uma donzela em um reino de varias outras donzelas e ela conseguia chamar atenção. Já contei essa historia, ela chega cumprimenta o rapaz que está ao meu lado e troca palavras com a garçonete, eu extasiado ouço a tudo e presto atenção em cada palavra que ela diz. No dia seguinte procurei ela obviamente por onde se era possível, orkut, etc, etc, passei uma cantada barata, que me constrange até agora e iniciei um flerte com a menina, distante como que não quer nada. Acontece que ela, foi logo quebrando meu joguinho, perguntando que diabos eu queria com aquilo? Confesso que não havia pensado em coisa alguma. Mentira, havia pensado sim, mas como disse era tudo tão distante e vago que provavelmente seria como esses relacionamentos via internet, dois, três comentários e mais nada. Sei quando não sou bem vindo porque não fui bem vindo a vida toda, então sei a hora de dar o fora. Acontece que fiquei pensando, pensando e escrevi um conto sobre tudo o que pensei do momento que a vi até o segundo que aquela pergunta teve efeito em mim.
Aqui inicia a segunda parte da historia.



Você é minha vizinha. Deus, ela mora atrás da minha cabeça; Em linha reta quarenta e cinco passos separam os meus pés dos seus pés. A garota dos meus sonhos mora atrás desse muro enorme. Nem em meus melhores contos isso acontece. Nos meus contos as pessoas flertam e desaparecem como um dia seguinte. Elas não dividem os mesmos lixeiros e sequer fazem compras nas mesmas mercearias. Nos meus contos há um distancia bíblica entre um homem e uma mulher, um homem e sua musa nunca dividem o mesmo plano astral. Simplesmente nunca na historia desta nação criada por mim um homem se apaixonou pela vizinha. Simplesmente porque venho de uma cidade pequena onde todos são vizinhos. Nas minhas historias as mulheres se apaixonam por estranhos, por forasteiros, homens que desaparecem com o primeiro raio do sol, enquanto os homens se apaixonam pelas mulheres que não podem ter e eles nunca, nunca são vizinhos. Ela está ali agora e eu estou aqui escrevendo sobre ela, pode haver alguém com ela, não importa, estou escrevendo sentado sobre um universo de coincidências que me coloca num pilar mais alto que qualquer outro homem, seja ele qual for, é capaz de estar. A partir de agora, definitivamente não conseguirei dormir sabendo que estou a quarenta e cinco passos do seu quarto. A quarenta e cinco passos da sua cama. A quarenta e cinco passos de tudo.
Meu Deus, como pode existir carinho e crueldade ao mesmo tempo, na mesma situação na vida de um homem pequeno como eu? Num segundo esse apartamento se transformou no lugar mais lindo deste mundo, já volto, vou pegar meu violão e cantar da janela da cozinha, imaginando que você estará me ouvindo. Essa canção é pra você, babe. Estou me sentido tão adolescente quanto se é possível ser, eu sou o maior dos clichês adolescentes, apaixonado pela garota nova do bairro, aquela que tem um fã clube e não dá bola a ninguém. Eu voltei a ser o gordinho apaixonado de treze anos que sonha com a menina que todos querem ter, o menino esquisito faz Platão morrer de inveja neste momento. Haverá algo mais para acontecer hoje? Será que encontrarei a rua branca dos meus sonhos onde sou atropelado por ter olhado para uma garota que passa? Será ela a garota que passa? O que falta acontecer hoje? Que vontade é essa que passa pela minha cabeça? Vontade de ir bater na porta da casa dela e dizer: ola, que tal. Ou isso ou nunca mais conseguirei dormir nesta parte da terra. Tenho até medo de andar na rua, definitivamente medo. Hey? Estou com medo. alguém me ouve, estou com medo, estou sentindo minha pele inchando enquanto meus ossos grandes encolhem, voltei a ter um metro e cinqüenta no momento em que passei pela frente da sua casa e pensei em sua garganta doente, pensei se ela já havia chegado em casa. Eu poderia cuidar de você. Será que você sabe que estou aqui neste exato momento, louco de pedra, ouvindo jeff buckley cantar que everybody here want you, é, todo mundo aqui neste quartinho quer você. Não vou parar, se isso acontecer, talvez eu perca o tino e saia rindo pela rua, alias, isso aconteceu há uma hora atrás, rindo pelo universo incidental que tomou conta do meu coração, meu coração, maldito coração, você é uma tremenda piada, eu sou uma tremenda piada por sua causa. Estou apaixonado pela vizinha que nunca fora minha vizinha, mas sempre esteve ali até uma hora atrás. Das varias vezes em que estive dissecando pessoas pelas ruas desta cidade a procura de alguém para meus contos, nunca passou pela minha mente que o melhor espécime estaria atrás deste muro, que tudo que precisaria para verter palavras e mais palavras era olhar pela janela da cozinha enquanto apronto o café, ela está ali, eu estou aqui, quer café? Aprenda a não duvidar de nada, nem de Deus, nem dos carros que furam semáforos, preste atenção, olhe o céu, aprenda a olhar o céu e ver o que ninguém vê, escute aqui: a coincidência é prova que Deus existe. Fim não quero mais escrever, chega, mas se eu parar de dizer silaba por silaba, o que vai acontecer comigo? Não consigo imaginar como vai ser passar um minuto aqui a partir de hoje. Vou sair. Ciao.