Olá, esse blog foi aposentado e as novidades estão todas em: http://giancarlorufatto.tumblr.com

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redação:minhas ferias.

Hoje, minha mãe ligou cedo, há dias ela ouve meu disco novo, mostra às amigas, inimigas, etc, etc. hoje ela disse “levei seu disco na radio local da cidade, adoraram...” eu respondi com a palavra que sempre respondo “medo”. Ela continuou dizendo que “é musica para tocar na novela...”, “ó quei mãe...”. Mas ela não estava tão longe da opinião de um amigo que em um texto escrito sobre as minhas musicas disse que elas deveriam tocar em motéis. Achei muito engraçado, nunca fui a um motel, não faço a menor idéia de que tipo de canção se toca lá. Será que as pessoas vão a um motel pra curar suas feridas? Porque ai então tudo passaria a fazer sentido. Escrevo sobre relacionamentos fudidos. Raramente consigo passar outra sensação que não seja o ressentimento ou talvez arrependimento. Mas tem gente que consegue ver o final feliz nas minhas canções. Para estes fica o meu joinha.

Ao mesmo tempo que escrevo este texto, também escrevi outros dois, um deles carinhosamente chamado de “If You See Her Say Hello.” Uma canção de Bob Dylan. O texto é sobre a pergunta que faço todas as manhãs na hora do café: “porque eu insisto nessa coisa de compor, gravar, cantar?” Nunca dará em nada e pior nem será relevante, afinal todas as canções deste mundo já foram escritas por alguém mais famoso que eu. É e eu ainda tenho de ficar “revendo” a minha voz. Pelo menos ela parece agradar a algumas moças por ai e cá entre nós cantar com moças te secando é o que há.

Lembro-me que a mãe de uma ex-namorada também havia gostado e inclusive ido a um dos meus esporádicos shows pelas ruas de Curitiba. Talvez porque na época a filha também gostava. Porem, hoje duvido que ainda tenha capacidade de ouvir livre da constante ligação para com o nosso relacionamento. Mulheres vêem novela, inclusive àquelas que mantêm o nariz empinado e posam de cultas e/ou modernas assistem sua novelinha, nem que seja escondida. Se as novelas (essas da tv) passassem naquela época pouco antes da revolução feminina e no horário de trabalho, acho que as mulheres nunca teriam inventado essa historia de trabalhar fora. Isso é claro uma teoria furada porem divertida e a propósito gostei das canções de James Morrison e ele estava na trilha da ultima novela das oito, enfim, todo mundo está certo.

Sempre dei um jeito de colocar todas as mulheres que amo/amei num disco, Bob Dylan faz isso desde 1963 sabia? O problema ultimamente tem sido o fato de não haver muitas pessoas legais dando sopa por ai, alguém que mereça uma canção emocionada. Tanto que ando escrevendo canções sobre sexo por esporte. Sinto-me triste relatando isso, que não estou sendo capaz de ver algo realmente interessante em alguém, alem do fato de que elas se interessam por este menino aqui. Se você que me conheceu ontem, soubesse o quanto já foi triste ser Gian Carlo Rufatto, escrito assim, com letras maiúsculas e separando o gian do carlo, talvez acabasse compreendendo a fase atual. Nunca fui o cara ali do bar, aquele ali com as mãos sobre os olhos. Tanto que não raro penso “o que estou fazendo aqui?”, mas logo depois penso numa boa piada: “oi, prazer, Gian, quer ser uma musica minha?” vai ver que é por isso que já tenho três discos e outros três prontos pra serem gravados, o que soa como uma espécie de consolo.

O volume dois se chamará “Espanha” ou “touradas” ou qualquer outra referência direta a Espanha, por causa de uma mulher ai. Andei até pensando em aumentar o numero de canções neste disco para incluir uma canção dedicada a ela. O problema é: “vol.1” pode ser oficialmente lançado apenas em 2008, e se eu for colocar uma canção para cada garota, vou acabar lançando um disco duplo. E alem do mais, acho que estragaria o disco seguinte.
No momento penso em gravar um disco de rockabilly. Sim é bem isso que vocês estão pensando. Isso e ganhar uma dedicatória no encarte do disco de alguma cantora, algo assim: “giancarlo, you make my heart sing...”.

Outra menina, aquela que está em minha vida desde que pus os pés nesta cidade, resumiu a frase: “você está cantando bem e essas influencias de soul...isso ai é culpa minha...”. Talvez seja mesmo, comecei prestar atenção no pessoal do soul porque ela me fazia ouvir cantoras chorando por machos enquanto trepávamos (o computador politicamente correto mandou trocar esta palavra por “tínhamos relações sexuais”) e/ou ficamos de bobeira. E bem, muitas dessas canções são sobre ela, mas nunca irá saber, porque ao contrario de você, ela não lê este blog.

Houve também uma outra menina, por pouco tempo. Ela estava na primeira apresentação que fiz usando a gaita de boca, toquei mal, acho, nenhuma das canções que toquei aquele dia foram gravadas. Duas, duas das dez canções do volume um são pra esta outra menina e eu gostava dela, eu gostava mesmo mas não a ponto de querer ou estar apaixonado. O problema é que não tenho mais idade para ser namoradinho, lovely, la-la-la. Sempre há algo errado, vocês sabem.

A menina que está na faixa cinco também está na faixa dez do meu primeiro disco. Assim como foi uma das canções do meloncolie, do pumpkins. Pois é, eu e Billi sabemos das coisas. Gosto de me referir a está menina como “a menina que eu me apaixonei sem nunca ter tocado nela”. Até hoje não sei por que coloquei uma canção de três anos atrás, a única que não faz parte do caderno “nossos trinta dias sobre o sol”.

Ah, é claro, há aquela que está literalmente no disco.

Fora as pessoas diretamente ligadas a minha vida pessoal, do momento que eu simplifiquei as coisas, parei de esconder minha voz no meu de teclados e tal, parece que algumas pessoas levaram a sério. Eu nunca sei se as pessoas realmente ouvem e tal, no inicio, quando coloquei as canções pra download, esperava que alguém respondesse dizendo o que achava e tal, mas nada, raramente alguém se dava ao trabalho de fazer o recall. Até hoje lembro de um blog que detonou meu primeiro disco, dizendo que o que mais se ouvia nas gravações, era eco. Outro menino sugeria que tirasse todos os barulhinhos investisse em canções acústicas ou menos poluídas. Ambos estavam certo, hoje eu entendo, inconscientemente agradeço.
Mesmo pessoas que hoje odeio, me ajudaram a avançar musicalmente e fazer canções que falam por elas mesmas. Há uma frase no livro “crônicas” de Bob dylan que sintetiza a experiência de gravar em casa ou sem muito aparato técnico: “não há gravação ruim que consiga estragar uma boa canção”. Levasse tempo para entender essas coisas que não estamos mais nos anos noventa onde estúdios eram caros e os discos raramente eram bons.
Ainda não entrei num estúdio de verdade pra gravar uma canção minha. E acho que inicialmente essa experiência seria frustrante, porque aqui em casa, no meu quarto eu trabalho como e quando quero, não há ninguém me dizendo como devo tocar guitarra e o melhor, não tenho necessidade de pagar, alias, posso me gabar que “giancarlorufatto” não custou 20 reais pra ser gravado.
If You See Her Say Hello.

Eis uma canção que eu queria ter escrito. Alias, afinal de contas, que canção posso eu escrever que Bob Dylan já não tenha escrito há pelo menos trinta anos? Quanto amor eu posso ter e conseguir colocar numa canção que Jeff Buckley não tenha feito melhor e com uma voz muito mais forte? O que a gente, eu você, eles ainda temos de relevante? Que tipo de pessoa cogitaria a hipótese de trocar uma canção de Jeff por uma minha? Porque continuar com essa coisa de escrever, cantar e tal, se todas as canções que a gente precisa, já estão por ai, todo mundo já sabe o que é sofrer por amor, bla bla bla.. Isso vale para livros, para filmes, para toda e qualquer arte popular. Para que o mundo precisa de mais livros publicados? Alguém deveria dizer “chega, deixem as arvores em paz, chega de livros, já tem o bastante, fiquem com esse amontoado aqui...”. afinal de contas está tudo lá na odisséia ou na bíblia.
O mundo precisa tanto assim de novos escritores, novos cineastas ou novos cantores? Para que? Bob Dylan tem mais de 50 discos gravados. Jeff Buckley só gravou um enquanto esteve vivo. Para que o mundo precisa de um disco sobre como me sinto? Espero de coração que todo ser “criador de casos” deste mundo faça essa pergunta toda manhã, por que se não ficarei muito desapontado. Talvez seja como ir ao banheiro, minha piada preferida, criar é cagar. Mas você não chama alguém para ver a bela merda que você fez, bem, raramente chama quando a merda é realmente uma obra de arte. Mesmo assim escrevo isso relutando um tanto em afirmar, pode ser apenas presunção. Então?