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- Judas! Gritou um menino devidamente escondido na multidão que aplaudia com empolgação a crucificação de mais um judeu errante.
- eu não acredito em você, mentiroso. Essas são as palavras ouvidas, seguidas de sucessivas batidas de acordes, dó, fá. Deu as costas para a platéia e o que se ouve é a voz de um rapaz franzino de vinte poucos anos, aparentemente irritado por estar sendo contrariado: “vamos tocar pra quebrar” ou como diz na biografia “vamos tocar alto pra caralho”.
Tudo isso acontece segundos antes desta que será a ultima canção do concerto. *
Os oito minutos e um segundo seguintes são de uma dureza, explosão seguida de explosão. Uma força muito alem da eletricidade, um soco na cara de todos os seres humanos presentes. Cada vez que a que a seqüência de acordes popularmente conhecida por estribilho se aproximava os músculos do rosto do baterista estavam a ponto esmagar os olhos, como se estivesse levantando o peso das palavras enquanto socava ao mesmo tempo, o bumbo, a caixa e os pratos. Era como se fosse a ultima cavalgada sobre o corpo alheio, aquele antes do gozo, mas, nunca era a ultima.
O rapaz do hammond, um guitarrista improvisado acidentalmente para esta função ao melhor estilo do band líder, que deve ter dito algo como “e você, fica ali no orgão e se vira”. Hoje me pego pensando se não seria “e você, fica ali no orgão e cria o riff mais assoviado dos últimos 40 anos...”. As pessoas não entendiam, não tinham noção de onde suas bundas haviam os acomodado, podia se ouvir que as letras eram cantadas pela platéia, mas quando as canções acabavam, tornavam-se a vaiar porque era o que deveria ser feito, mais o menos como o soldado que mata porque está numa guerra e tem uma arma na mão e bem, no final das somas, talvez o som estivesse alto demais para os ouvidos acostumados esperar respostas vindas pelo vento e a culpa ou o atrevimento fosse realmente desse cara. Então não restavam opções alem de explodir tímpanos a pedradas e marteladas sonoras. Oito minutos e um segundo depois, ele diz “obrigado”, cínico.




*Sete minutos e cinqüenta e cinco segundos antes de uma balada sobre Mister Jones haviam sido talvez os minutos mais belos do show, mas a platéia, diante de uma letra bizarra, preferiu tampar os ouvidos e então o menino do primeiro parágrafo entrou para historia, ofuscando a musica que mais gosto deste cantor.