Silenciosamente venho tentando escrever novas canções para um disco de um futuro próximo. “o homem no rádio” é uma delas.
Na janela mais suja naquela com vista pro lado escuro da rua por onde eu ando com os meus bolsos vazios / os valentões se enfrentam num vagão azul calcinha brilhando a luz do néon de um hotel de quinta / ouvindo a senhora que se salvou por nunca desviar os olhos do amor que depositou em cada vela que acendeu / 50 centavos pelo pecado de desejar o santo homem errado que cantava no seu rádio / tão alto quanto as nuvens e as buzinas e os carros que saem pra vencer / a solidão te espreme num vagão cheio de crachás de firma em pescoços mais novos que o seu (e o meu) / os jornais pingam sangue e falam de alguém jovem, um cantor que morreu / no horizonte, a linha do subúrbio me distrai cantando uma canção / quantos centavos pelo pecado de desejar não ser como o homem suplicando no seu rádio eu já tive algo a dizer / tão alto quanto as nuvens e as buzinas e os romances e os finais felizes em filmes ruins passando na TV / mais um homem segurando no seu braço, te impedindo de fugir, de correr / como um homem suplicando no seu rádio eu já tive algo a perder /