Ok, meu bem, o ano é 1995 e estamos no
começo do verão. As aulas acabaram e ano que vem começo em outra escola, outra
cidade e, assim espero, outras garotas. Escrevi uma carta que nunca te
entreguei, dizia algo assim “eu não sei bem, segure minha mão.” Eu ainda não tinha 14 anos, eu corri e por um segundo vi
seu cabelo desaparecer portão adentro. Logo depois disso você foi para a praia
e nunca mais conversamos.
Ok, há uma regra para
viajantes do tempo, não devemos contar o futuro ou mesmo interferir no passado,
está na clausula 01 do contrato de uso da maquina do tempo. Então digo apenas
que você trabalha naquilo que queria desde que te conheço (eu sei é um pouco
confuso, já que você me conhece como o amigo do seu irmão há uns meses, mas eu
te conheço bem) há uns 13 anos e já cogitei a hipótese de entrar no seu
consultório e cobrar minhas horas de analise.
Quanto à mim, está tudo bem,
mesmo. Se serve de consolo de todos os amiguinhos da escola, estes idiotas que
sentam nas carteiras seguintes as nossas não deram em nada e ficaram gordos e
carecas. Quando você estiver em 2008 e quiser me achar, digite meu nome no
google, não se preocupe você saberá o que essa palavra quer dizer.
É, você continua ai, você
namora um cara que usa frases de efeito, daquelas encontradas em livros de
pensamentos e auto-ajuda. O cara leva Caetano Veloso a sério e acha Humberto
Gessinger um Gênio (não me leve a mal, o cara é legal, mas né?). Enfim, ele parou em 1995, antes dos
computadores se tornarem baratos e da fibra ótica tomar conta do mundo, deve
ser o par perfeito para você (já que você ainda está ai em 1995). Sei que não
deveria te contar, mas que se dane: você não termina sua historia do lado do
garoto que você gosta. Ele não vai dançar com você na festa de formatura, nem
eu vou, ninguém vai. Mas calma, não fique triste, se você pudesse ver como as
coisas estão hoje, daria graças a Deus.
Ah sim, mais uma coisa,
sabe, daqui uns dias é o casamento da sua tia, por favor, não se arrume no
salão de beleza da minha mãe, é um dia trágico para mim, você nem imagina o
quanto.