Olá, esse blog foi aposentado e as novidades estão todas em: http://giancarlorufatto.tumblr.com

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Nos ultimos tempos esse blog tem visto a seca de posts, graças ao meu twitter que estrangula boas ideias em pequenos tweets e tambem porque tenho medo de ser sincero e alguem se sentir ofendido ou magoado. Mas ai então eu pensei: esse blog é meu e tenho direito de escrever o que eu quiser. Então, abaixo, segue um texto meu sobre a cilada que foi tocar em são paulo.

Hotel avenida tocou em São Paulo, no ultimo domingo. Em nossa homenagem, a cidade nos brindou com o dia mais frio do ano, com chuva e a derrota do Corinthians para o Santos. O bairro do show, a Barra Funda é tipo o miguel que fazem de curitiba para os turistas (vendida como modelo de revitalização das cidade), um lugar cultural que mais parece uma favela de concreto cinza, pichados, abandonados. Calma, estamos no domingo e no domingo até a casa da minha mãe é meio sem graça. O bar, a livraria da esquina, vendida por algumas pessoas como um lugar onde fulano, ciclano e outras bandas que não existem mais tocaram. Lembrou-me o Pandora na fase final, aquele que ninguém queria ir porque simplesmente não tinha charme algum. O som estava bom na passagem de som e estranhamente na hora do show ficou uma merda. Alto demais, barulhento demais, uma massa sonora que não parecia ter três meses de ensaio. Passei tanto tempo com um violão que desafinava no meio da musica, que todo momento tentava acertar a afinação do violão, só que o violão novo não desafina assim tão fácil, lembrei. Desta vez era o baixo que ficava meio tom pra lá, meio tom pra ca e eu ali achando que o problema era meu. O técnico de som, coitado, tentava, em vão matar as microfonias que vinham sabe lá de onde, ele teve a resposta exata pra isso: a culpa foi nossa. Temos a chata e idiota mania de passar som rapidamente e de qualquer jeito, não dá pra viajar 600km e não passar o som, por mais que a platéia seja só amigos.
Eu não sei, achei tudo uma bosta sem fim, mas poderia ser apenas meu ouvido ruim do resfriado que só ouvia graves. Incrivelmente, umas 20 pessoas apareceram no tenebroso inverno da barra funda. Amigos, parentes dos integrantes, meus sogros – que adoraram o show, hahaha e algumas pessoas que toparam a aventura de ver a gente ao vivo. Eu no lugar e na situações de vocês, não teria ido, é cilada, bino.

A real é que muito difícil viajar pra tocar em qualquer lugar que seja. Dizem que é necessário e deve ser, afinal sempre aparecem pessoas que conhecem você, baixam seus discos e gostariam de ouvir suas canções. É divertido até certo ponto, acho. Eu - falo por mim - acho que é muito mais interessante fazer shows em Curitiba, onde sabemos como divulgar, como usar a maquina cultural da cidade para nosso proveito. Outra cidade, outro mundo.
Outro problema é o fato de que fazemos um show a cada morte de papa e ensaiamos quase toda semana. Não é muito, dizem, eu acho que é para uma banda que toca 50 minutos a cada três meses. Chega um momento que tem de se decidir se banda é válvula de escape coletiva ou um processo artístico. Porque se é uma desculpa pra encher a cara em casa no fim de semana e fazer um som, não vale apena viajar por ai, mas como expressão artística, ai sim, topo tudo. Parece que depois de uma certa idade banda fica igual a futebol, é pelada de fim de semana, então deixe os torneios para os profissionais.
Eu falo por mim, eu gosto de tocar ao vivo e gosto de lançar discos, de divulgar, mas - principalmente, de fazer a coisa certa, no tempo certo ou na afobação certa.

Eu vou fazer trinta anos em outubro de 2011 e ando meio assustado com varias coisas. Tenho varias obrigações e deveres que não existiam há 1, 2 ou tres anos. Eu estou morando com minha namorada há quase 6 meses e a vida com ela é meu norte atual. Alem disso, no trabalho, mudaram meus horários e há semanas que simplesmente não tenho folgas. Ontem, por exemplo, entrei as 10 e sai as 22h e trabalho sabado e domingo. É apenas a vida mudando, musica ainda é minha prioridade, sempre será, mas não tenho mais saco para deixar minha namorada em casa e ir tocar em outra cidade, nunca tive, essa ida a são paulo só provou isso. Todo mundo na minha banda sabe o que é ter uma família full time, eu to aprendendo agora. Parte deles, ficaram anos sem tocar - alias, 3 deles não tem instrumentos no momento e tocam com emprestados. Eu vejo que eles gostam das musicas e isso me deixa com muita vontade de tocar com os caras. É tipo sobrevida, sabe? Aquele momento que você tira tudo de cima de você socando um instrumento? Isso é lindo de ver, recomendo. Mas chega uma hora que simplesmente não dá e você fica mal achando que a culpa é sua por simplesmente preferir outra coisa.