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o que motiva a vida é perigo ou a falta de sarna pra coçar?

Hoje fiz um ano no mesmo emprego. Gosto de pensar que muita coisa mudou em um ano, mas não seria verdade. Hoje sai antes do trabalho, vim pra casa namorar as minhas coisas, é o que você faz quando está sozinho, se abraça a coisas que te fazem parecer menos vazio e desinteressante. Fiquei tentando lembrar onde me imaginava há 10 anos atrás e, sinceramente, não tenho idéia se algum dia previ isso. Eu morava em uma cidade construída sobre a cratera de um meteoro que possivelmente extinguiu os dinossauros, uma espécie de condomínio que, desde 1981, perde moradores para outras cidades. Alguma coisa ali sempre deixou claro a todos que – a menos que você seja de alguma família forte – ninguém teria uma vida empolgante e cheia de grandes arroubos. Não que ter uma família pra sustentar com 23, 24 anos não seja emocionante, deve ser, claro, mas, no meu caso, eu apenas não queria estar lá pela vida toda, mais ou menos como as pessoas daqui não querem ficar aqui a vida toda. Deve ser muito foda pegar o mesmo onibus, pegar um Abranches e enfrentar aquela montanha russa a vida toda.
Corta pra agora e aqui estamos, quase aos 29, mas ainda com um pé na infância que volta e meia ressurge nos textos do meu blog, nessa vida que insiste em se encher de brinquedos novos, livros de quadrinhos, livros de música, etc. Um ano atrás eu planejei onde estaria no final de 2010 e mais ou menos uns 75% dos planos deram certo. Eu vejo que a vida se encarrega de te tornar mais forte e se não faz isso, ao menos dá um jeito de abrir seus olhos. O tempo parece estar sempre acabando, mas nunca acaba de verdade até que estejamos mortos demais para se importar com ele e você ainda tem de decidir se deixa a vida guiar ou força uma guinada como naqueles filmes de sessão da tarde. A vida perfeita deve estar em algum lugar, um meio termo, entre uma casinha no campo (daquelas com floreiras nas janelas) e o vicio do crack de quem vive atrás da catedral.
Sinto falta da goteira do banheiro que me tirava o sono até pouco menos de quatro semanas na mesma proporção em que sinto falta de estar caído de amor por alguma mulher. Entenda que, para quem não tem nada, isso e aquilo é a mesma coisa. Quando meu namoro acabou e concordamos que ficaríamos bem, o fato de haver 500 km de distancia entre eu e ela era confortante, parecia que não era culpa de ninguém, era apenas óbvio que não daria certo. Mas ai eu ando por ai vendo que a gente (eu?) procura por essas goteiras no teto de uma vida estável e bem, atualmente é ou isso ou cair no crack.