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Noite e dia na mesma cidade

A cidade serra os dentes enquanto ela dorme, o dinheiro acaba, as pessoas somem e o que resta é você e um monte de palavras para queimar
e espantar o inverno, nenhuma chance de dar certo.

O rapaz ali já foi legal, já foi esperto, mas isso foi há tanto tempo atrás – hoje é apenas alguém mais velho do deveria tentando gostar de coisas que não foram
feitas para ele e desviar os olhos de quem o estrangula, não vai adiantar.

Eu prendo o fôlego, eu esqueço que deixei a vela acesa pra ver se Deus faz a sua parte – se eu não faço, ele não faz. Mesmo assim, eu caminho por ai, me ajoelho e rezo, “mais um round, mais um round” mas a sua fé não é o bastante para mudar alguma coisa e eu digo ok, mas isso não significa que eu não presto, significa que eu presto pouco pra você.

Ainda tenho seu telefone guardado no bolso de trás e me pergunto pra que?
Hey senhorita, me diz pra que?
- pra lembrar, lembrar enquanto o mundo lá fora se desfaz, se desfaz, não me importo, que acabe logo de uma vez.

E acabou.

Quando ela perguntou: “posso ser sua amiga?” e eu respondi: é claro que não.
E esse não, não mudou nada, não tinha sido a primeira vez em que eu desejava voltar ao dia em que eu cheguei e ela me esperava com um sorriso e um bolo.

Não deu certo nem uma, nem duas, nem da terceira vez,
- não deu, meu bem, esquece.

Não vou continuar

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atravesso a rua como quem foge,
empresto o sorriso ao senhor que dorme ali na esquina.

Alguém grita “oh, meu Deus, o fim está próximo!” eu digo “que boa noticia”
Todo dia é sempre o primeiro
e há sempre tantas coisas para deixar pra lá.

Curitiba, se você sorrir, lhe darei um doce.
Então me diz, meu bem, não era ontem que você voltaria?
Em silêncio, me visto para fugir ou pra encontrar a placa que diz "saida"
meio homem, meio rato, preso em sua caixa de sapatos,
me sinto mais velho do que deveria,
mas pra mim, tudo bem,

atravesso a rua cheio de fome
e destas coisas que - dizem - o seu dinheiro não pode comprar.
Fulano te pede um cigarro, você mente - logo hoje está tentando parar,
afinal, todo dia é sempre o primeiro dia
e há sempre tantas chances para deixar pra lá,
mas Curitiba, se você sorrir, lhe darei um doce
mas sem mentiras, meu bem,
hoje tudo me cansa, você saberia se tivesse de fugir ou de acordar
todos os dias.

Curitiba, se você sorrir, lhe darei um doce
mas Curitiba, só se você sorrir.