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Eu trabalho atendendo a toda uma parcela triste e solitária do centro da cidade, a toda uma constelação cuja vida resume-se a morar em pensoes e andar por ai teorizando sobre a sola do sapato. Eu saio do trabalho as seis e meia, caminho pela avenida, cruzo 8 semáforos e ai estou em casa com uma sacola de pão. Eu chego em casa e sou um deles. Chego, curto o silêncio, a janela aberta, o vento entrando, ligo o radio, a voz do brasil já começou, tiro minha roupa, armo o copo, a cerveja, ouço minha música e faço meu jantar. Penso “é isso que você queria?” e logo penso “talvez”, mas parece muito pouco e confesso que adoro o fato de que solidão é uma espécie de charminho. Desligo o telefone para respirar aliviado e sem culpa. Cansa, ela não me ama, ela se quer está apaixonada e no meu mundo, naquele conto de migalhas que eu inventei, é muito pouco, eu até aceitaria se tivesse quarenta anos e nenhuma esperança saindo da minha boca, mas hoje é o clichê do quase nada. Longe, depois de um mês, a vida se parece como uma música do bonjovi, é ruim, mas não chega a irritar a ponto de você querer desligar o radio até porque você sabe que é compatível com você, bonjovi. Não me irrito, durmo cedo, leio, bebo, leio, não ando por ai riscando fósforos e queimando os dedos pra ter alguma diversão. Então, amanha a tarde é meu dia de folga e eu serei um velhinho sentado num banco da igreja, por quinze minutos, agradecendo por já ser agosto e poder pagar o aluguel no fim do mês. Poderia ser pior, mas, afinal, eu tenho senso de humor e isso definitivamente não dá em arvores. Todos os caminhos me levam pra casa é tão bom, try a little tenderness toca e você adora, cada segundo que Otis faz sua vinda pra casa valer a pena. Você é uma pessoa bacana, uma pessoal legal por mais medíocre que seja, é relevada pelo mundo e eu sou isso, uma nota sete, a porra de uma nota sete, não é ruim, é sete, é mais que o exigido na escola, você passaria no Cefet. Se você sentisse a mesma coisa que eu, faria de tudo para ter um naipe de metais na sua vida, ou pelo menos um coração - embora eu pense que no fundo o que o ser humano precisa para ser feliz é apenas um bom corte de cabelo.