Olá, esse blog foi aposentado e as novidades estão todas em: http://giancarlorufatto.tumblr.com

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Catolic Boy Singer.

Ou "alguma sinceridade e biscoitos para viagem".

Fez um belo dia frio em Curitiba, o único realmente frio em quase dois meses de deste ano. Enquanto voltava para a caixa de sapatos, pensava nas coisas que ficam para trás enquanto a gente anda para frente. Eu ainda tomo café e como doces diariamente como na época de trevas da minha vida. Ainda sento em praças e converso com velhinhos, ainda ando de lado para o outro sem querer realmente ir a lugar algum, ainda decoro rostos anônimos, é doença e ainda vai me matar. Sim, ainda acho que a música vai me salvar e o amor vai salvar a todos.
Eu ainda vou a igreja uma vez por semana, é uma coisa minha, sentar nos bancos da catedral e ficar lá por alguns minutos entre as pessoas. Ainda reparo nos rostos e expressões dessa gente ao meu redor. Uma coisa a se observar sobre os últimos anos indo à mesma igreja: hoje são mais jovens que idosos. Eles não estão rezando, eles estão forçando um contato imediato com Deus, dá para ver na força que imprimem no fechar dos olhos. Ainda me reconheço em vários olhares, nas roupas surradas e na falta de tato. Para pessoas como eu, esse momento na igreja é o ultimo contato com a realidade, depois dela, alguns entram em parafuso e viram evangélicos ou se acabam em drogas ou coisas piores (escolha uma coisa pior). Hoje, ainda caminho para pensar um pouco, coloco a cabeça no lugar, andar ainda é o melhor evento para quem tem muitas coisas e pouco espaço dentro de si. É normal olhar para o monte de coisas que escrevi sobre a vida que eu levo e ver mais Deus e esperança do que blasfêmias e demônios pessoais, essas coisas ligadas à música pessoal e passional. Eu escrevo sobre esse monte de merda que todo mundo é obrigado a fingir que não sente também, é escancarado, é brega, é inútil como obra geradora de eco, afago e calor humano. Pense que ir a igreja e olhar para os lados é como ir à biblioteca e olhar para os livros, cada uma dessas pessoas é um livro ambulante, um personagem que só será conhecido em sua total extensão pelo dono desta casa. Eu já escrevi aqui que gosto de pegar um pouco da dor alheia, porque, bem ou mal, é tomar um pouco da vida também.


*para entender, ouvir "Nas profundezas do coração do fundo do copo".