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Seres humanos não prestam. Foi o que ela pensou que diria antes mesmo de conhecê-lo.
Não seria tão alto quanto imaginava, apenas era magro e por isso aparentava ser mais alto visto através das fotografias ou da sua imaginação fértil. A imagem que ele projetava de si para os outros se dividiria entre o bem humorado e o galante irônico quase que o tempo todo e visualmente montado para parecer um homem bem vestido com ares de desleixo. E sim, incapaz de fixar o olhar em quem lhe dirigia a voz. Aqueles olhos típicos de quem procura reconhecer alguém entre as pessoas que entram - alguém que pelo jeito estava atrasado.
Ela calculou toda a decepção de véspera e se preparou para o pior. Pensou que no minuto em que a pessoa em questão entrasse pela porta, a conversa terminaria num suspiro daqueles que as pessoas dão quando se safam ilesos de um perigo eminente “uhh, é ela, até que enfim.”. Também estava apostando mentalmente - baseando-se numa estimativa de 32 romances ruins para um que valesse a pena - que o humor daquele cara mudaria quando a pessoa que os olhos esperavam finalmente chegasse. Logo após isso ele diria algo tosco que quebraria o encanto, alguém precisaria ir ao banheiro, pegar uma bebida ou falar com alguém que viu entrar, enfim. Pensou em todas as justificativas que um cara usaria com objetivo de fugir da possibilidade de falar exclusivamente com ela. Claro que ainda trocariam olhares por toda noite, toda vez que alguém risse mais alto, ela olharia para o lado e veria o rapaz cortejando uma garota de cabelos-castanho-claro-curtos. O Dj colocaria Ray Charles - A Fool For you - e os olhos se encontrariam próximo à porta de saída pela ultima vez.

Então começou a chover e ela ficou feliz por ter desistido de sair.