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Release Sentimental

Era uma vez um garoto do interior deslumbrado com as possibilidades que uma guitarra em seus braços poderia lhe dar. Ainda estávamos nos anos noventa e a carreira de musico não parecia tão absurdo quanto é hoje. Ele era gordinho e desengonçado - parte culpa de um choque elétrico seguido de convulsões na primeira infância, parte de sua própria natureza e logo tratou de entender que se quisesse continuar em sua meta não poderia vencer pela aparência e sim pelo discurso. O choque elétrico lhe deu superpoderes e uma mão esquerda ruim incapaz de executar simples acordes. Isso não o intimidava, aprendeu onde se localizavam os tons de cada nota e passou a simplificá-los para usar apenas um ou dois dedos. Nunca foi um bom musico e nem um bom cantor, não deu certo em nenhuma banda e os integrantes destas o acusavam de não conseguir tocar blues e rocknroll. Também não conseguiu entender porque ótimos músicos perdiam tanto tempo tocando canções que não eram escritas por eles. Então resolveu aprender como gravar canções em casa e fez do seu quarto um estúdio. O primeiro disco, exagerado de referencias e dramalhão, chamou-se Lo-fi Dreams - não teve coragem de assinar com seu nome e preferiu dar status de banda, banda de um homem só. O segundo veio com a mudança de cidade, agora na capital, chamou-se apenas EP e era mais ou menos como uma historinha de amor e pé na bunda em 25 minutos. Após isso tentou montar outra banda encharcada do “novo rock” ou do rock dos anos zero-zero. Durou um single e só serviu para que seu ego batesse de frente com o de outros egos maiores, mais velhos e com bem menos senso de humor. Felizmente o menino percebeu o quanto fora dos trilhos havia saltado, vendeu a guitarra e fugiu da cidade grande para a casa dos pais. O “exílio” trouxe a tona um outro rapaz, muita coisa havia mudado, fisicamente e espiritualmente. Em uma conversa com sua mãe descobriu que ela não entendia sobre o que ele cantava e isso o atormentou, poderia sua maior fã não apreciar seu único talento? Pensando nisso começou a compor pensando em pessoas simples como seus pais com mensagens e historias diretas – mesmo que na maior parte do tempo fossem sobre planos e coisas que não deram certo. Vieram os discos – nove no total entre singles, EPs, e discos cheios em pouco menos de dois anos – todos carregados de referencia e homenagens a seus ídolos. Era toda uma nova perspectiva de vida que se iniciava e trazendo novos amigos que se mostrariam verdadeiros “irmãos mais velhos”. Com eles, parcerias que gerariam uma fabulosa banda de canções a moda antiga, a Hotel Avenida, formada pelos melhores músicos da cidade grande e onde ele só teria de plugar seu violão e cantar suas historias.