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rascunhos, 1


Clara tinha 19 anos quando conheceu Renaldo. Renaldo era um falastrão daquele tipo que conta 56435 milhões de piadas por segundo. Eles haviam postos os olhos um sobre outro no verão de 1977, ela usando um vestido solto, ele usando paletó xadrez e um chapéu pequeno demais para sua cabeça. Ela parada na porta do bar, ele parado na parede de fora, ambos esperando por pessoas. Renaldo, diria em um de seus textos escritos para a analista que considerava uma doença o fato de que conseguia se lembrar de todas as fisionomias das pessoas que passavam por ele pela rua e estas se tornavam fantasmas devido sua esquizofrenia. Ele se lembrava de Clara, ela havia estado do seu lado pelo menos duas vezes até o dia em que se olharam na porta do bar. Numa das vezes, ele cedeu o lugar no balcão para que ela pagasse sua conta, na outra vez ela conversava com um rapaz de costeletas enormes e que estava com as costas grudadas a da irmã de Renaldo, zelda. Ele ficou olhando para ela, não sabia bem porque, mas olhava os detalhes, os trejeitos eram exagerados, a boca larga, os dentes, os olhos que chegavam sugerir algum estrabismo, mas era apenas a concentração que depositava à pessoa a sua frente. “garota louca” pensaria convicto.