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Gram Parsons



Vamos lá: a esta hora você já sabe que o folk e o country rock estão na moda então, dê um final de semana caipira para si mesmo. Compre uma bota de cowboy, vista uma camisa xadrez, uma jaqueta jeans e coloque algum disco de Gram Parsons para tocar.

Gram Parsons é um nome obscuro entre aqueles que figuram no Clube dos 27 – artistas de carreira meteórica que influenciaram o mundo e morreram sem ver o estrago que suas obras fizeram na posteridade (Jim Morrison, Hendrix, Kurt Cobain, entre outros mortos aos 27 anos em estranhas circunstâncias). Talvez, ele seja o maior responsável pelas carreiras dos queridinhos da música pop contemporânea Jeff Tweedy (Uncle Tupelo e Wilco) e Ryan Adams (Whiskeytown).

Além de grande compositor, Parsons tinha a manha de reconstruir clássicos do pop, do folk e da música caipira. Foi assim no tempo que permaneceu entre os queridinhos do Byrds – tempo suficiente para gravar o disco injustiçado da banda Sweetheart of Rodeo, no Flying Burrito Brothers, que regravou clássicos do soul como Do Right Woman, Do Right Man e Dark end of the street – e antes deles, na obscura banda de um disco só, International Submarine Band.

Dizem por aí, que Gram seria o verdadeiro compositor de Wild Horses e Honk Tonk dos Rolling Stones. Na época, ele era chapa de Jagger e Richards, inclusive nas drogas. Lenda ou não, o fato é que os três discos mais legais dos Stones (a saber: Let It Bleed, Sticky Fingers e Exile in Main Street) foram gravados na época em que o rapaz vivia passeando com eles pelo Reino Unido.

Mas, o fino da carreira de Gram está em três discos com o Flying Burrito Brothers, The Gilded Palace Of Sin (1969), Burrito Deluxe (1970) e Flying Burrito Brothers (1971), e em dois discos solos, GP (1973) e o póstumo Grievous Angel (1974).

Nos Burritos, está toda a estrutura musical do que viria a ser chamado de alt-country, nos anos 90. Bandas como Uncle Tupelo – que daria origem ao Sonvolt e ao Wilco –, o Whiskeytown e até gente mais pop como o Black Crowes, Soul Asylum e o Wallflowers, reverenciavam as belas melodias e os corações partidos do que quase se tornou um movimento chamado No Depression. Guitarras caipiras (as steel guitars) ligadas em pedais Fuzz, refrões grudentos soterrados de efeitos ou canções de dois acordes, sem refrões, estendidas por mais de seis minutos (características encontradas em outro nome fundamental do rock caipira, Neil Young).

A história mostra que depois de sair dos Burritos, e de passar os dias no estúdio com os Stones, Gram Parsons caiu de amor pela linda cantora Emmylou Harris, da sua banda de apoio, The Fallen Angels. E é deste amor platônico que saíram as canções de GP e Grievous Angel, lançados em 1974, após a morte de Parsons por overdose, no fim de 1973. Love Hurts, (aquela mesma que o Nazareth regravou) em dueto com Emmylou se tornaria um clássico definitivo da curta carreira do rapaz. Ela ainda lançaria, em 1975, o disco irmão de Grievous Angel, Elite Hotel, com algumas canções que estavam no disco póstumo de Parsons. Desde a morte do rapaz, Emmylou vem mantendo viva a memória e o legado deixado por Gram Parsons – Luxury liner, um grande sucesso de Emmylou, era uma canção de Safe at Home - disco do International Submarine Band.

A música de Gram Parsons sobreviveu à sua morte e ao fim dos anos setenta. Foi lembrada nos anos oitenta por Tom Petty, Elvis Costello e U2, em meio a sintetizadores e baterias eletrônicas. Seus discos foram abraçados por uma geração inteira nos anos noventa e inconscientemente está nos ouvidos tanto de quem ouve musica sertaneja de FM quanto de quem ouve a sensação Mallu Magalhães no Myspace.

Discos:

  • Safe at Home : International Submarine Band (1968)
  • Sweetheart of the Rodeo : The Byrds (1968)
  • The Gilded Palace of Sin : Flying Burrito Brothers (1969)
  • Burrito Deluxe : Flying Burrito Brothers (1970)
  • Flying Burrito Brothers, Flying Burrito Brothers (1971)
  • GP (1973)
  • Grievous Angel (póstumo,1974)
  • Emmylou Harris: Elite Hotel (1975)