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Artista desconhecido – faixa 3

As vezes me pego pensando na fria que entrei quando pedi um violão pra minha mãe, hoje é um destes dias. Tanta coisa aconteceu de 1992 para cá, você sabe, 1992 mudou a vida de todo mundo que era adolescente nesta época. Agora a adolescência se foi e o que ficou são muitas perguntas sem respostas. De 1992 à 2002 eu acreditei no conto do rock’n’roll, em bandas de rock e coisas que me livrariam de uma vide medíocre. Para minha sorte esses 10 anos passaram e o que ficou foi apenas a minha música. Não carrego nenhum sonhador nas minhas costas, faço minha música, gravo, toco e até faço shows levando apenas o violão. Odeio bandas e planos. Li no blog do Ivan santos uma frase de John lennon que diz muito sobre o estado das coisas: “A vida é o que acontece quando estamos fazendo planos”, é isso. Meu plano é exatamente o que está acontecendo sem que eu sequer note, gravar tudo que escrevo é o que me move. Sento bem aqui de onde escrevo isso, plugo o violão, ligo o metrônomo, o microfone e pronto: uma guia. Então gravo a bateria, o baixo, os detalhes, fico aqui um final de semana inteiro ajustando aqui, ali. Não raro sonho com arranjos completos de uma canção, outro dia foi tão completo que procurei por vários discos imaginando já ter ouvido em algum lugar. Não achei e fiquei feliz. Nada disso importa. Estamos em 2008 e infelizmente música só importa pra quem faz. Criei uma meta, tosca, mas é uma meta: gravar uma canção e lança-la na internet assim que esta fique pronta (ou quase isso), não há motivos para alarde, não sou ninguém para tal coisa, ninguém realmente é se pararmos para pensar, sou fã de Tom Waits e não ouvi seu ultimo disco. Mesmo assim, toda vez que penso “terminei uma canção” essa parece a melhor de todas, acho que Dylan se sente assim, só isso o motiva gravar 500 canções sendo que ele repete varias vezes a mesma melodia, a mesma estrutura com outra letra. É aquilo, “sempre podemos melhorar”, eu acho que sim.

Fico triste pensando que conheci músicos incríveis ao longo dos 10 anos que fiquei tentando ter uma banda de rock e todos eles pecaram aqui e ali, quase ninguém registrou seu talento justamente por acreditarem no conto da descoberta. Hoje são pais de família, com seus empregos, seus filhos, seu carro e suas metas. A maioria de nós ficará preso no papel de um velho frustrado e a culpa não é nossa, quer dizer, não a culpa toda. Ninguém sabia que a nossa geração, aquela que nasceu em 1980, já nasceu morta e que não haveria um outro “boom” para nós. Desculpe, se você quer ser descoberto, vá escrever um livro, pois ainda se vende livros neste mundo, eu quis dizer vender e não ler. Eu poderia listar vários nomes de bandas e músicos que ainda não viram o quanto equivocado estão, mas sinceramente, isso só me traria problemas. Grave, toque, se divirta, faça sua música, estamos em 2008 e a única certeza sobre a música é a de que as pessoas continuaram compondo e tocando, então não fique quebrando a cabeça tentando dar certo. O importante é a música e não o musico, essa lição aprendi com o pai dos fura-bolos Eddie Vedder.