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Momento evangélico.

Todas as manhãs caminho até ao trabalho pela Marechal e passo na frente de uma igreja, um culto destas novas modalidades religiosas. Olho para dentro do pavilhão e lá está um cara novo segurando um violão e, de platéia, sempre duas ou três pessoas de pé na fileira dos bancos. O homem grita, diz que Jesus o salvou e que, graças a ele, a felicidade mora ali. Eu não consigo segurar o riso ou a inveja da situação: são nove da manhã, você está indo para seu trabalho, está frio, chovendo e você passa por um rapaz cantando, quase vociferando, dizendo coisas sobre como ele e aquelas três pessoas no culto são felizes. Eu só não aceito esse emprego pelo horário ingrato, nove da manhã não dá.

Corta para a cena que acontece meio dia, duas quadras para baixo, na igreja do Guadalupe. Padre Reginaldo Manzoti pula, gesticula, atua como um Tim Maia do catolicismo - inclusive quando reclama do som da sua banda, uma banda de “soul” de baile. Manzotti faz parte desta safra de padres galãs e não é dificil encontra-lo por ai de jaqueta de motoqueiro e jeans apertado. Muitas mulheres vão a missa suspirar pelo homem, já ouvi comentários de senhoras dizendo que iam “encomendar uma missa lá pra casa”. A melhor que ouvi até hoje foi a vez em que levei minha mãe ao show – digo missa e uma senhora no banco de trás diz “ah, por esse homem, eu me converto, eu viro santa”. Foi neste dia que voltei pra casa pensando sériamente em seguir a carreira de padre galã.