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I – O irrepreensível Homem Romance versus o infactível Garoto Objeto.


Adoraria dizer que não quero mais ser um homem romance nem quero ser o amor louco de alguém, quero apenas ser um garoto objeto, prodígio, infalível, uma aposta certa. É, prefiro ser um jornal da gazeta ou da tribuna de quem não espera nada se não uma noticia breve e alguma informação mastigada do que ser um romance escrito por um alcoólatra cujo talento ainda será capaz de mudar a vida de alguém.
O que é pior? Estar embrulhando carne num açougue da Nilo Cairo ou estar na estante de todo mundo como uma edição barata de capa feia de um best sellers que ninguém leu, mas ainda assim é bonito para impressionar? A constatação é uma conta simples de se operar: não há cobrança sobre o jornal e o garoto que todo mundo pegou, é satisfação garantida como dizem por ai. Você vai até a banca e compra um exemplar sabendo que a noticia está ali e servirá de caldo para a conversa com os amigos no café de sábado.
Não sou do tipo de se cansar das pessoas, mas por outro lado, não suporto descobrir que as pessoas não são aquilo que parecem ou dizem ser. Na maior parte do tempo e das relações elas mesmas alardeavam o quanto ruins poderiam ser de modo que quando estas pessoas falhavam comigo, acho que elas se sentiam de consciência limpa e eu me sentia mais ou menos como a senhora mordida pela cobra que encontrou congelada na neve: “mas você sabia que eu era uma cobra...” ok, minha conta e risco, mas é difícil não esquecer de tudo quando se está apaixonado. Quando você está apaixonado você vira automaticamente um produto em promoção e um produto em promoção é um produto que todo mundo compra sem se preocupar com a qualidade ou a procedência e ainda assim você fica em evidencia na vitrine que fica ali de baixo do braço de alguém.
Quando você é um pedaço de carne no prato (ou na cama) de alguém isso deixa tudo mais simples e confortável, porque você bem sabe que será devorado e expelido lá por baixo, alias é essa sua função. Por mais tempo que a digestão dure ninguém vive só de carne, há pessoas que preferem massas ou qualquer outro tipo de carboidratos. Há até os que preferem couves. Pensar assim faz com que você tenha sempre uma defesa, mesmo que ninguém perceba que algumas pessoas estão sempre solteiras porque na verdade são umas medrosas de merda.
É incrível que por pior que seja o terreno, a gente insiste em ir à direção do abismo. Você vê as placas, as pessoas voltando e avisando que é loucura e você continua, continua, continua mais ou menos como um animal cego pela luz do carro na estrada. Quando as pessoas te querem e querem estar com você no intervalo entre um “boa noite eu te amo” e um “bom dia eu te odeio”, o risco de que um vento frio passe por você e entorte seu rosto para sempre, é muito grande. O vento passa e do nada alguém te adota como ursinho, gente estranha essas pessoas que grudam no seu braço, ligam para dizer que estão com saudade de alguém que viram a menos de um dia, querem atenção integral como se não bastasse a exigência de que você olhe para elas quando elas estão falando coisas banais, Deus coisas banais, como cortes de cabelo. Tem horas que eu queria mesmo que o planeta terra fosse habitado por Coneheads, mesmo que minha mãe acabasse sem profissão, ah eu queria, seriamos todos pessoas melhores. Você por exemplo, aposto que ganharia uma hora a mais na sua vida todos os dias e não preciso dizer por quê.

II – Dormir, um contrato social.

Sério, faça agora um exame de consciência: quantos casais que você conhece que resistiram ao convívio freqüente em camas de casal?
É fato: troque o seu colchão de solteiro por um de casal e seu relacionamento começara a desandar. Não sei, acho que é assim que você começa a ver os defeitos da outra pessoa, dormindo todos os dias com alguém. Ela rouba todo o cobertor (o que pode ser um sinal de que seu parceiro pode ser cleptomaníaco), pede para dormir de conchinha (baixa auto-estima) ou simplesmente não respeita a máxima (!): a hora de dormir é sagrada. E de repente, sem que ninguém perceba você fica a fim de testar o desempenho dos sulcos do colchão com outras pessoas. Façamos um contrato social que nos permita dormir como bem entendemos sem que ninguém se sinta desprezado ou magoado, minha cama, minhas regras. Esperto é um amigo meu que ao invés de ter uma cama de casal em seu quarto tem duas camas de solteiros. Vai ver que é por isso que ele está com a mesma mulher há cinco anos e ainda vai casar com ela. Daqui a uns cinqüenta anos nas bodas de ouro do casal, este meu amigo dirá a sua família e convidados (eu não estarei lá para presenciar, já terei partido antes das bodas de papelão) que o segredo da vida e do amor eterno é isso: faça o que quiser com sua mulher, dê a ela os melhores anos da sua vida, uma linda casa com lindos filhos, horas ininterruptas de sexo selvagem, canções e poemas de amor, enfim, o que ela bem quiser de você, trate de dar a ela, mas lembre-se de apenas uma coisa: durma em camas separadas.