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O dia em que eu fui musico de praça de alimentação.


Um conselho: nunca tente ser o que voce não é, por mais que o dinheiro possa compensar, nunca tente, dinheiro nenhum vale a sensação ruim de um dia seguinte.

Era bom demais para ser verdade: um evento da Lumen Fm no novo e bonito largo Curitiba com a minha participação e pago ainda por cima estava obvio que havia algum erro de informação. Mas mesmo desconfiado, achei a idéia legal de levar “artistas” ao shopping e tocar covers de bandas que tocam na emissora. Pouco antes de tocar até disse que mesmo que não houvesse cachê, toparia tocar de graça porque seria uma oportunidade de me apresentar à outro público, fora da área de conforto. Mas o evento propriamente dito se revelou uma verdadeira volta aos tempos de colegial – tempo em alunos tocavam sem estrutura alguma canções da moda ligados à amplificadores vagabundos num volume impossível de ser ouvido a uma distancia de cinco passos de onde estão instalados.
Ok, cheguei ao local do “evento” e instalei a parada toda, sem saber como funcionaria o som no local, um guarda logo chega e diz que estão tendo problemas com o volume e que tem de ficar baixo. Achei engraçado, afinal que diferença faz ter um cara tocando se não para ouvi-lo? Ok, novamente. Arrumei mais ou menos como o gosto da casa e comecei a tocar. Quando me convidaram, disseram que eu deveria tocar canções que tocavam no dial da Fm, então, anotei direitinho o que eu sabia tocar com o que tocava na radio e não era difícil, tocava Dylan umas três vezes por dia, também tocavam Radiohead, Cure e Madeleine Pierrot, base do meu set vertidos em rockabilly animados que normalmente faço. Eu era aquele ali dançando ao som de musicas que ninguém ouvia com exceção do organizador que andava de lá para cá com cara de “ohh, não isto não está certo”. “O que você sabe tocar que seja mais “praça de alimentação”?” “???” “comer, comer?” brincando, não respondi obviamente, mas entendi aonde o ponto de comunicação estava errado. Eles não queriam artistas locais e sim presépios sonoros que não incomodassem a boa alimentação da restaurantes e cafés bonitos. Sabe aqueles presépios chineses que tocam noite feliz? É, aquilo lá que eu deveria estar fazendo. Não posso nem dizer que era desrespeito porque eu meio que sabia no que estava me metendo, que era pelo dinheiro oferecido e que no fundo eu sabia que daria merda.
Mais duas canções da Fm e o organizador conversa comigo sobre o fato que “talvez eu não seja o musico para o local” e era obvio que não, mas um sorriso e digo, “ok, também acho", pois sou incapaz de falar que ele não têm noção da diferença entre o que pensou, planejou e executou – porque todo mundo é assim, sem noção, desde que o deles esteja entrando no fim do mês, o meio e as pessoas envolvidas pouco importam.