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Noites de música e inverno

Jornal do Estado/ Bem Paraná

Coluna Piracema

Marcelo Stammer Diedrich e os Marlenes no ri7

Adriane Perin

Nem quem sobe ao palco - nem que está diante dele - sabe, na real, o que é organizar um festival de música independente. São tantos acertos, no e fora do palco, antes e depois. Um depois, aliás, que dura um tempo. Enquanto a ficha vai caindo, começam as audições (cruas) do que foi gravado e os instantes bons, só eles, ficam se revirando por todos os lados da gente. Só os bons ficam, porque ver o pessoal no palco – e na plateia – são momentos capazes de apagar todas as inseguranças e sustos. São maiores que tudo que veio antes. Me sinto assim, depois de mais uma, a sétima, edição do Festival Rock de Inverno que coproduzo, ao lado de Ivan Santos (aliás, a ideia partiu dele, embora tenha sido eu a chata responsável por mantê-lo vivo nos últimos anos), e uma equipe que é uma preciosidade. Este ano o festival teve outra particularidade: apoio do Fundo Municipal de Cultura da cidade, o que nos permitiu remunerar, mesmo que simbolicamente em alguns casos, todos os envolvidos. Uma produção que começou há um ano. Antes até, quando escrevi o texto subscrito por outros produtores que levou à criação do edital. E antes ainda, quando o Rock de Inverno 7 foi rejeitado pela Petrobras.

Não consegui desistir, eu confesso! Já conheço o caminho das pedras, mas não nego que a ansiedade aumentou por conta do apoio público. Três dias depois do fim, volto ao jornal e Getúlio Guerra me pergunta: qual o momento mais incrível do Rock de Inverno 7? Difícil, pois foi uma edição diferente.também pela escalação de duas bandas que são elo com o começo dessa história minha e do Ivan: 3 Hombres e Fellini. Ver esses shows e as pessoas que lotaram o John Bull Music Hall foi desses momentos capazes de me deixar calada. Ver nos olhos das pessoas a alegria no cantar junto; ouvir as especulações sobre o futuro da mostra são destroem a memória do cansaço. Ver os amigos de olhares marejados, perdendo as palavras (e até a pose habitual) em outra tentativa de mostrar a importância de que viviam, foi um dos mais deliciosos momentos. Observar a reação dos jornalistas convidados também é um prêmio, percebê-los boquiabertos diante das bandas curitibanas (e isso sempre acontece)....vale cada tremor de ansiedade escondido numa tentativa nervosa de silêncio. Gian Ruffato dizendo que sempre quis tocar no Rock de Inverno; Pão de Hamburguer mandando ver “ Será que eu Vou Virar Bolor”, pra mim, me atrevo a dizer. Saber que muitas bandas preparam shows especiais para o Rock de Inverno; ouvir de um cara como Lique que nunca foi tão bem tratado em show. Lestics tocando Luz de Outono; ter um Allan Yokohama como rodie!!!! O que dizer disso tudo? Sentir o coração batendo bem mais forte diante de Beto Só cantando “Abre a Janela”, sozinho, sob aquela luz. Só isso: um violão, um cara e sua canção. Momentos recentes que puxam os grandes dos outros seis... não tem espaço aqui.

Por esses instantes é que o Rock de Inverno chegou até aqui. O prazer de ver as bandas tocando com as condições que merecem e sentir que todos que participam o fazem com alegria, respeito e carinho é algo que não pode ser explicado com palavras. Valeu bandas. Valeu, em especial, agora, equipe De Inverno vocês são pra lá de demais. Como diria Xanda Lemos: “Vocês sao óóótimos”.