"Sexta-feira - meio dia, céu azul, vento, pessoas indo trabalhar, pessoas voltando do trabalho. Pessoas esperando a condução, pessoas esperando o sinal abrir, pessoas apenas esperando. Mulheres pelos cantos da estação, policiais, homens vivos. Sinto-me vivo pela primeira vez desde que ganhei uma guitarra e estive num palco. Coloco a caixa com frase”discos grátis" – escrita por um amigo que estava presente - alem do "MATEASTROSDOROQUE", uma piada incompreendida com o nome da gravadora que lançou entre outros artistas, Elliott Smith. Coloco o suporte da harmônica sobre os ombros, o violão e começo a tocar. Engraçado como algumas pessoas percebem meus movimentos e vão diminuindo os passos pra tentar acompanhar o que acontece. Aos poucos a musica começa e passado gelo inicial, abro meus olhos em direção das pessoas, vejo do outro lado da rua, pessoas nas lojas me observando e comentando. "Será que elas conseguem ouvir? "canto com meu pulmão, forte, na segunda canção meu peito já esta doendo - é o que acontece quando se quer se está lutando contra automóveis sem aplificadores. Aos poucos pessoas se aproximam, vem a palavra "grátis" e ficam intimidadas por alguém que esta ali apenas para tocar e não pedir nada em troca. "-quanto é o cd??" "- é de graça, pode levar cara..." "-ohh obrigado, Deus te abençoe..." e nunca ninguém havia sido tão atencioso comigo.
Dois rapazes se aproximam com muita rapidez, fico com algum receio, mas continuo tocando pensando "pronto, vou ser assaltado" pensamento pré-conceituoso para com a fama do terminal. Eles chegam empolgados "legal cara, legal" esqueço a garafa de pinga e um risco de sangue sobre a testa de um deles e começo a falar sobre musica, sobre legião urbana, sobre faroeste caboclo, "é uma pena, não tenho mais cds, levaram todos, mas semana que vem eu trago mais..". eles vão embora, eu continuo por mais 15 minutos.”
*texto de 2007 sobre a primeira vez que toquei na rua.
(e essa foi a segunda vez)
(e esse foi gravado na quinta e sexta vez, eu acho)
Dois rapazes se aproximam com muita rapidez, fico com algum receio, mas continuo tocando pensando "pronto, vou ser assaltado" pensamento pré-conceituoso para com a fama do terminal. Eles chegam empolgados "legal cara, legal" esqueço a garafa de pinga e um risco de sangue sobre a testa de um deles e começo a falar sobre musica, sobre legião urbana, sobre faroeste caboclo, "é uma pena, não tenho mais cds, levaram todos, mas semana que vem eu trago mais..". eles vão embora, eu continuo por mais 15 minutos.”
*texto de 2007 sobre a primeira vez que toquei na rua.
(e essa foi a segunda vez)
(e esse foi gravado na quinta e sexta vez, eu acho)